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O impacto da queda de cabelo na saúde física e mental da mulher

Especialistas esclarecem o dano que o processo pode causar e como revertê-lo

Para muitas mulheres, a perda capilar pode impactar na confiança e no bem-estar emocional. De acordo com o tricologista Baltazar Sanabria, a relação entre o cabelo e autoestima vai além da estética, alcançando aspectos psicológicos profundos e que determinam toda perspectiva de uma vida pela frente. A perda de cabelo pode muitas vezes levar a sentimentos de constrangimento, ansiedade e até isolamento social.

“No caso das mulheres, quando falamos de queda de cabelo, encontramos dezenas de causas que justificam que a paciente tem uma perda aumentada dos fios de cabelo. Nesses casos, orientamos que a paciente procure um médico dermatologista, especialista em tricologia, para realizar uma consulta e definir a causa dessa queda de cabelo. Existem várias possibilidades, mas uma das principais e mais comum se chama efluvio telógeno agudo. O efluvio telógeno agudo pode acontecer por outras causas como uso de anticoncepcional, parto cesariano ou parto normal, além disso, outras cirurgias também pode afetar. Enfim, existem inúmeras causas que justificam o quadro de efluvio telógeno agudo”, explica o médico.

Para fazer tratamento da queda de cabelo, é necessário ter definido a causa. O tratamento vai depender muito da motivo da queda de cabelo. “Se a paciente está tendo uma queda de cabelo em decorrência de alguma deficiência nutricional, optamos por repor essa vitamina. Se ela estiver tendo uma queda de cabelo em decorrência de alguma doença autoimune, a gente precisa tratar essa doença autoimune. E quando a gente fala de transplante capilar, existem sim algumas doenças que têm indicação de transplante capilar nas mulheres. E a principal indicação de transplante capilar em mulheres é a alopecia androgenética feminina que é conhecida popularmente como calvície feminina”, diz o dr. Baltazar.

Quando a paciente tem um quadro de alopecia avançado, com um couro cabeludo bem visível, a indicação é o transplante capilar FUE No Shave, conhecido como FUE sem raspar. Então é uma opção mais eficaz por conta de não necessitar realizar a raspagem e a cirurgia tem uma resposta excelente ao tratamento.

Efeitos emocionais

Segundo o psiquiatra Alexandre Valverde, mestre em filosofia contemporânea, autor do livro Ruptura, Solidão e Desordem (FAP-Unifesp) e apresentador do podcast Fractais, sobre temas da neurodivergência, questão do cabelo é super importante. Primeiro porque o cabelo emoldura nosso rosto, o cabelo é sinal, é signo. Ele identifica nossas origens etnográficas, nossas origens raciais.

“É uma questão de orgulho, de identidade. Você pode mexer nos seus cabelos como a gente não pode mexer em nenhuma parte do corpo, a gente pode pentear, cortar, mudar o estilo, pintar… O cabelo é um campo de linguagem também, porque ele passa uma identidade social, cultural, étnica e todas essas questões. O cabelo fala muito, ele não é uma parte inerte do nosso corpo. Ele é uma parte que cresce, que diz muita coisa, que expressa muita coisa. Perder o cabelo nesse sentido, por uma doença ou tratamento, significa um abalo exatamente nesse lugar, nesse campo do que o cabelo representa para uma pessoa. Para além do aspecto puramente estético, é um aspecto também de identidade em todos esses níveis que a gente trouxe aqui. O cabelo vai te identificar com um grupo social, com um grupo étnico, vai te identificar com um grupo de estilo, um grupo social”, analisa Valverde.

Então, nesse lugar, a pessoa pode se sentir desprovida dessa linguagem e se sentir muito diminuída, com autoestima abalada, com uma dificuldade de se colocar, de se apresentar publicamente por um grande sentimento de vergonha e também o que isso representa. “A queda do cabelo pode significar uma doença grave. Assim, uma pessoa muito imediatamente já está passando e transmitindo essa mensagem, sem querer, para as outras pessoas. O fato de que o cabelo aponta isso pode ser constrangedor para a pessoa que não necessariamente gostaria de compartilhar e dividir essa experiência. Será que ela está tomando um remédio que fez o cabelo cair? Será que ela está com alguma doença ou outra que faz o cabelo cair? E que doença tem todos os estigmas ligados a essa questão? Em todos esses âmbitos, você pode ter um efeito emocional decorrente da perda dos cabelos”, explica o psiquiatra.

O combate à queda do cabelo, sob aspecto psicológico, é complexo. “Você pode perder o cabelo por alopecia, por exemplo, que é uma doença ligada a questões imunitárias e que é deflagrada por stress emocional. Então, o cuidado com a saúde, a diminuição da exposição a situações de stress pode melhorar esse aspecto. Mas em relação a um câncer, não tem muito que fazer. Você vai fazer o tratamento, aquilo vai derrubar o seu cabelo e você tem que se habituar com essa questão. Você pode usar alguns mecanismos para disfarçar essa situação, como o uso de lenços, de perucas, de chapéus, de bonés, para que aquela falta de cabelo comunique alguma situação que você não queira, seja constrangedora”, diz Valverde.

Após um transplante ou um tratamento, há um aumento da autoestima. “Se a gente for pensar na queda de cabelo, numa alopecia ou numa queimadura, num acidente, em que você tem uma falha muito grande ali, você pode recompor essa cobertura original dos cabelos. Você ganha e resgata essa autoestima, além, de novo, de tudo aquilo que o cabelo quer comunicar, o seu lugar social, o seu orgulho étnico, a sua dignidade como pessoa que decide o seu estilo de vida, o que você quer representar e falar a partir do corte, pintura ou da manutenção dos cabelos com uma certa textura, volume ou um certo tamanho”, finaliza o psiquiatra.

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