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Naomi Munakata, maestrina do Municipal de SP, morre vítima de coronavírus

Naomi Munakata estava internada Eem hospital de São Paulo; Maestro Martinho Lutero faleceu nesta quinta, por suspeita de coronavírus

A maestrina Naomi Munakata, 64 anos, do Coral Paulistano Mário de Andrade, morreu na tarde desta quinta-feira, 26, por complicações decorrentes da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Ela estava internada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. havia alguns dias. Segundo apurou o Globo com membros do teatro, ela apresentava problemas respiratórios e teve uma deterioração “abrupta e inesperada do quadro clínico durante a noite”, evoluindo com um quadro conhecido como choque séptico. A assessoria de imprensa do Instituto Odeon, que administra o Theatro Municipal, confirmou o falecimento e a infecção por coronavírus.
Naomi Munakata

Também nesta quinta, morreu em São Paulo, de parada cardíaca, o maestro Martinho Lutero, criador da Rede Cultural Luther King (1970). Lutero foi diretor artístico do Coral Paulistano entre 2013 e 2016. A cerimônia de cremação será no crematório da Vila Alpina. A família pediu aos amigos que permaneçam em casa e deixem homenagens para “futuro próximo, dada à gravidade da crise pela qual passamos e aos riscos de contaminação” por coronavírus. Integrantes do Theatro Municipal dizem que Lutero não fez teste para a Covid-19, mas que na família dele havia casos da doença.

Na última semana, o Globo revelou que duas duas integrantes do Coral Paulistano, ambas com mais de 60 anos, testaram positivo para o novo coronavírus. A Fundação Theatro Municipal de São Paulo não divulgou a identidade e a função das mulheres no coro. Apenas informou que estão internadas e estáveis.

Na sexta-feira, 13, depois de já decretada a pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 integrantes da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coro Lírico Municipal e do Coral Paulistano se reuniram na cúpula do teatro para o ensaio da montagem Aída, ópera de Giuseppe Verdi.

Integrantes da montagem presentes no ensaio reclamaram da realização do encontro. Segundo um deles, o maestro Roberto Minczuk, titular da Orquestra Sinfônica e responsável pela direção musical e regência de Aída, chegou a fazer piada com o coronavírus antes de começar o ensaio.

“Ele chegou gripado de uma viagem internacional, em plena crise do coronavírus, e fez ensaio e reunião com Deus e o mundo num espaço fechado. Cometeu uma atrocidade, foi negligente. E ainda começou dizendo que faríamos “do início ao fim, sem fermata, sem corona”. (Na linguagem musical, algo como “sem nenhuma parada”) “, afirmou o músico.

Segundo outro artista que integrava a montagem Aída, representantes dos corpos estáveis do Theatro Municipal chegaram a alertar a direção para os perigos de manter o encontro da sexta-feira. Como seria um ensaio musical, e não coreográfico, os artistas teriam de cantar a plenos pulmões, em tese aumentando os riscos de transmissão.

O ensaio teve início às 16h da sexta-feira na cúpula do Theatro Municipal, um salão circular com 12,5 m de altura entre o tablado e o ponto mais alto do telhado e 475 m2. Só os homens do Coral Paulistano, além da maestrina Naomi Munakata, estavam presentes na ocasião, mas as mulheres do coro vinham se encontrando regularmente no teatro para outra programação.

No intervalo do ensaio, os músicos foram convocados para uma reunião de emergência à noite, na plateia. Ali, foram comunicados da decisão do então prefeito de São Paulo em exercício, Eduardo Tuma, tomada naquela mesma tarde, de cancelar todos os eventos de massa na cidade, com mais de 500 pessoas. As atividades do Theatro Municipal foram adiadas imediatamente.

Após a confirmação de dois casos da doença no Coral Paulistano, o Instituto Odeon emitiu um comunicado interno aos funcionários, obtido pelo GLOBO. No texto, recomendou “o constante monitoramento de possíveis sintomas”, uma vez que houve contato das integrantes infectadas “com parte dos corpos artísticos e equipe técnica durante os ensaios de Aída e Mahler”.

Ao O Globo , a direção do Theatro Municipal de São Paulo informou que Minczuk não estava gripado no ensaio do dia 13 de março, não teve sintomas anteriormente, e assim segue até o momento. Disse ainda que o regente regressou dos Estados Unidos no dia 23 de fevereiro, e se apresentou na sala de espetáculos com a OSM nos dias 6 e 7 de março.

“Em linguagem musical, o termo corona é sinônimo de fermata, o que significa uma pausa na música. Quando disse senza corona durante o ensaio, minha intenção era desejar que permanecêssemos sem o coronavírus. Peço desculpas se fui mal compreendido por causa dessa minha fala. Me solidarizo profundamente com nossos artistas atualmente em recuperação e com todos que atravessam este triste e difícil momento”, afirmou Minczuk, em nota.

Também em nota, a assessoria de imprensa do Theatro Municipal afirma que “todas as suas atividades foram interrompidas no dia 13 de março, às 17 horas, para prevenir riscos de transmissão do vírus Covid-19 – Coronavírus”. A decisão, segundo o texto, foi tomada logo após o encerramento da reunião em que Tuma determinou o cancelamento dos eventos em massa. “O ensaio da ópera Aída, que ocorria naquele momento na cúpula do teatro, foi suspenso imediatamente e todos os participantes foram orientados a desocupar o teatro. A duração do recesso não está definida”.

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